Primeiro Boeing 737-800 da KLM é aposentado

O fato: Na sexta-feira, 5 de dezembro de 2025, a KLM retirou de operação seu primeiro Boeing 737-800, prefixo PH-BXK, entregue em setembro de 2000. O jato fez seu último voo comercial em Amsterdã e foi transladado para o aeroporto de Twente, na Holanda, onde a Aircraft End-of-Life Solutions (AELS) fará a desmontagem e reciclagem.

Antes do envio, foram removidos os motores CFM56-7B e a APU para possível reaproveitamento na frota. A AELS prevê recuperar entre 800 e 1.000 componentes úteis antes de reciclar a estrutura restante. A KLM informou que seus 29 737-800 e sete 737-700 restantes serão gradualmente substituídos por Airbus A320neo e A321neo, enquanto a KLM Cityhopper acelera a introdução dos Embraer E195-E2.

Análise técnica e educacional

Do ponto de vista técnico, a retirada do PH-BXK é um exemplo prático do ciclo de vida de uma aeronave: entrega, operação, desativação, recuperação de peças e reciclagem. O motor CFM56-7B pertence à família CFM56 utilizada em muitas aeronaves da geração “NG” (Next Generation). A remoção antecipada de motores e da APU busca reaproveitar itens ainda com vida útil ou valor comercial, reduzindo custos e desperdício.

APU (Auxiliary Power Unit) é a unidade auxiliar de energia responsável por fornecer energia elétrica e ar condicionado no solo e para partidas de motor. Saber identificar quais sistemas têm vida reutilizável é parte essencial da rotina de manutenção e da gestão de frota.

O processo conduzido pela AELS — recuperação de componentes, inspeção de peças com vida limitada e reciclagem estrutural — é relevante para profissionais que atuam com manutenção, desmontagem (D&D) e gestão ambiental na aviação. Como instrutor e técnico, destaco dois pontos práticos:

  • Gestão de life-limited parts: peças com horas ou ciclos limitados exigem controle rigoroso. A desmontagem organizada permite reaproveitar componentes fora de limite operacional em aplicações não aeronáuticas ou reciclagem adequada.
  • Planejamento logístico: movimentar uma aeronave para um boneyard ou centro de desmontagem exige coordenação entre operações de voo, manutenção e órgãos reguladores — conhecimento útil para cargos de engenharia de manutenção e gestão operacional.

Sobre a renovação da frota: migrar de 737NG para a família A320neo/A321neo e acelerar E195-E2 traz ganhos de eficiência de combustível, redução de ruído e menores custos de manutenção por assento. Para pilotos em formação, isso significa mudança na demanda por treinamentos de tipo. Um piloto que hoje busca cockpit em 737 pode, no médio prazo, encontrar mais oportunidades treinando em Airbus narrowbodies ou Embraer E2, dependendo do mercado.

Do lado da manutenção, a transição exige atualização em sistemas digitais, novas técnicas de manutenção em materiais compósitos e familiaridade com as novas famílias de motores e seus regimes de manutenção. Cursos de atualização e certificações específicas para cada fabricante tornam-se diferenciais no currículo.

Na aviação de longo curso, a padronização prevista pela KLM em torno do A350-900 visa ganhos semelhantes: racionalização de peças sobressalentes, treinamento e procedimentos operacionais unificados. Para estudantes, isso reforça a importância de entender gestão de frota e interoperabilidade entre tipos — conhecimentos valorizados em departamentos técnicos e operacionais das companhias.

Impacto no Brasil e no mercado de formação

Para o Mercado de Aviação brasileiro, a aposentadoria de 737NGs na Europa sinaliza uma tendência que já ocorre globalmente: renovação por aeronaves mais eficientes. Operadoras brasileiras que ainda operam 737NG (ou que tiveram frotas semelhantes) podem acelerar planos de substituição, o que abre demanda por formação de pilotos em novos tipos e por manutenção especializada.

Estudantes e profissionais brasileiros devem acompanhar oportunidades de treinamento em tipos como A320neo e E195-E2, além de reforçar conhecimentos em logística de manutenção, sustentabilidade e normas regulatórias. Conhecer as regras da ANAC e os requisitos do RBAC relativos a desativação e manutenção de aeronaves é essencial para quem pretende trabalhar com desmontagem, reaproveitamento de peças ou revisão de motores.

Conselho prático: mantenha atualizados os conhecimentos em leitura de boletins de serviço, programas de manutenção programada e em gerenciamento de peças com vida limitada. Essas competências costumam ser cobradas em operações de MRO e em provas teóricas relacionadas à manutenção aeronáutica.


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