Imagem da aeronave Boeing 737-800 quase decolando da taxiway em Orlando, com sinais de pista visíveis ao fundo e sinalização bem clara

NTSB: 737-800 quase decola da taxiway em Orlando; verificação de pista em foco

  • O que aconteceu: NTSB relata que um Boeing 737-800 da Southwest iniciou a corrida de decolagem na taxiway H, paralela à pista 17R de Orlando (MCO), em março. A decolagem foi interrompida pela tripulação e pela torre.
  • Por que importa: Evento do tipo “wrong surface” eleva risco de colisão e danos; expõe falhas de confirmação de pista, consciência situacional e CRM.
  • O que muda na prática: Reforço de callouts obrigatórios de pista, verificação externa contínua durante o táxi e aplicação de potência somente após cruzar a linha de espera e alinhar na pista correta.

Por Redação EPA

O National Transportation Safety Board (NTSB) dos Estados Unidos informou que o comandante de um Boeing 737-800 da Southwest Airlines iniciou a corrida de decolagem na taxiway H, paralela à pista 17R, no Aeroporto de Orlando (MCO), em março deste ano. A ação foi interrompida pela própria tripulação e por controladores da torre.

Segundo o relatório, o voo para Albany foi autorizado a taxiar do Airside 2 até a pista 17R via taxiway H2. A aeronave aguardou próximo à H1 e, durante a espera, a tripulação completou o checklist pré-decolagem.

Ao avançar, o comandante declarou ter verificado a pista 17R ao avistar a placa vermelha, embora a aeronave ainda não tivesse ingressado efetivamente na pista. Dados do gravador de voo indicaram potência próxima de 40% de N1 enquanto o avião cruzava a taxiway G.

O primeiro oficial, ao finalizar o checklist, percebeu que o avião seguia pela taxiway H a cerca de 14 nós e solicitou o cancelamento da decolagem. A torre também ordenou a parada. O NTSB apontou que a aeronave atingiu 66 nós e percorreu cerca de 244 metros na taxiway antes da frenagem, e que o comandante não cumpriu o procedimento de confirmação verbal da pista. O relatório citou ainda distração do primeiro oficial e a não percepção de sinais visuais externos como a linha amarela central da taxiway, largura da superfície, sinalização incompatível com pista e ausência da linha de parada obrigatória.

O que isso muda na prática (piloto, mecânico e aluno)

  • Pilotos: Padronize o callout de pista (número/cabeceira, alinhamento e indicação no PFD) com verificação cruzada; só avance potência após cruzar a linha de espera e alinhar no eixo da pista.
  • Mecânicos/SMS: Apoie o reporte de discrepâncias de sinalização/iluminação de solo observadas por tripulações e registre eventos para análise de tendências (FOQA/QAR, quando aplicável).
  • Alunos: Treine leitura de placas e marcas (ICAO Anexo 14) e briefings de táxi/decolagem; mantenha varredura externa contínua durante o táxi.

Análise Técnica EPA: segurança operacional e instrução

O caso é um típico “wrong surface event”, em que a aeronave inicia decolagem em superfície incorreta. Os elementos citados pelo NTSB convergem para fatores humanos: atenção dividida durante o checklist, viés de expectativa e quebra do fluxo de confirmação de pista.

Do ponto de vista de procedimento, a mitigação é conhecida: callout de verificação de pista obrigatório e cross-check entre comandante e primeiro oficial antes da aplicação de potência. Isso inclui confirmar número da pista, cabeceira, direção prevista (rumo aproximado no PFD) e as marcas brancas do eixo de pista — nunca as amarelas de taxiway. Aplique potência somente após cruzar a linha de parada obrigatória (hold short) e com alinhamento inequívoco no eixo da pista.

No âmbito regulatório, 14 CFR Part 121 (equivalente ao RBAC 121 no Brasil) exige programas de treinamento, SOPs e CRM; o conceito de “cockpit estéril” (14 CFR 121.542) reforça foco nas fases críticas, como táxi e decolagem. Boas práticas incluem LOFT e cenários em simulador para “line-up errado/decisão de recusar”, além do uso de cartas georreferenciadas no EFB e alertas de wrong-surface quando disponíveis.

Prevenção organizacional passa por briefing claro de táxi, divisão de tarefas (um pilota, outro verifica fora, especialmente em pontos de decisão) e checagens visuais redundantes. Ao menor indício de dúvida: interrompa, confirme com a torre e reinicie o fluxo.

O que sabemos e o que ainda falta confirmar

  • Confirmado: Início de corrida de decolagem na taxiway H paralela à pista 17R, interrompida por tripulação e torre (NTSB).
  • Confirmado: Potência próxima a 40% de N1; velocidade no solo de 66 nós e percurso de cerca de 244 m na taxiway antes da frenagem (dados do gravador de voo).
  • Confirmado: Ausência de confirmação verbal de pista pelo comandante e distração do primeiro oficial durante o checklist; sinais visuais externos não foram reconhecidos (NTSB).
  • Em apuração: Fatores contribuintes adicionais (fadiga, carga de trabalho, características locais/NOTAMs) não foram detalhados no material divulgado.

Mini-glossário (1 minuto)

  • N1: Rotação do primeiro estágio do compressor do turbofan; principal referência de potência nos 737 NG.
  • Linha de parada obrigatória (hold short): Marcação que delimita o ponto máximo antes da pista; cruzá-la exige autorização ATC.
  • Wrong surface event: Iniciar decolagem ou pouso em superfície incorreta (pista errada, taxiway ou pista paralela).

Fontes consultadas


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