ILS entra em operação no Aeroporto de Londrina; comandante da Aeronáutica destaca precisão

O FATO

Na manhã de quarta-feira, 10 de dezembro, data em que Londrina completou 91 anos, o Sistema de Pouso por Instrumentos (ILS) do Aeroporto Governador José Richa entrou oficialmente em operação. A cerimônia teve a presença do prefeito Tiago Amaral, do comandante da Aeronáutica, Tenente‑Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, representantes do Ministério de Portos e Aeroportos, da concessionária Motiva e do fabricante Thales, entre outras autoridades.

Uma aeronave do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV) realizou o primeiro voo operacional do equipamento. A instalação é fruto de esforço conjunto da Prefeitura, da Motiva, do Ministério e do Comando da Aeronáutica, com investimento da concessionária estimado em cerca de R$ 20 milhões, dentro de um pacote de modernização do aeroporto que somou aproximadamente R$ 200 milhões.

ANÁLISE TÉCNICA E EDUCACIONAL

O ILS é um sistema de auxílio à aproximação que combina duas informações principais: o localizer (guiamento lateral) e o glideslope (guiamento vertical). Juntos, eles permitem que uma aeronave faça aproximações de precisão mesmo em condições adversas de visibilidade, reduzindo atrasos e cancelamentos.

Do ponto de vista operacional, para pilotos em formação e profissionais, é essencial entender como o ILS afeta procedimentos de voo por instrumentos (IFR / Voo por Instrumentos):

• Abordagem: o piloto deve executar briefings de aproximação detalhados, conhecer as altitudes de decisão e as mínimas publicadas e estar preparado para missed approach caso as referências visuais não sejam obtidas.
• Acoplamento: o uso correto do piloto automático e do modo de navegação para interceptação do localizer e glideslope melhora a precisão e reduz carga de trabalho no segmento final.
• Cross‑check: manter chamada verbal e monitoramento dos instrumentos — VOR/LOC, HSI, rádios e altímetro — para detectar desvios e evitar aproximações instáveis.

Para mecânicos e engenheiros, o ILS traz requisitos de manutenção e calibração: o equipamento instalado pela Thales permite aproximações até cerca de 200 pés de altitude, tem vida útil estimada de 15 a 20 anos e exige manutenções e modernizações periódicas. Inspeções de alinhamento, testes de sinal e checagem de antenas fazem parte da rotina para garantir a confiabilidade.

Na visão institucional, o comandante Marcelo Kanitz Damasceno ressaltou que o sistema instalado em Londrina “aproxima a aeronave da cabeceira da pista com altíssima precisão” e o definiu como um ganho substancial em Segurança de Voo, com “taxa de sucesso beirando os 100%”. Para companhias aéreas e operadores, o ILS aumenta a previsibilidade e torna o aeroporto mais competitivo no Mercado de Aviação nacional, reduzindo retenções e cancelamentos.

Impactos práticos para quem estuda e trabalha na aviação:

• Estudantes de pilotagem: priorizar treinos de interceptação do localizer e glideslope, procedimentos de decisão (DH), briefing e execução de missed approach em simulador.
• Pilotos em operação: revisar cartas de aproximação, procedimentos de minima e checklist de automação para ILS acoplado.
• Mecânicos/ATS: acompanhamento do plano de manutenção do sistema, testes de performance e registros de conformidade exigidos para operação segura.

Além disso, o aeroporto já havia recebido o Sistema de Luzes de Aproximação (ALS) e passou por ampliação de terminal e pista, dobrando a capacidade anual de passageiros de 1,5 milhão para 3,5 milhões. Projetos futuros citados incluem a taxiway, cujo projeto foi doado e cuja execução deve ser viabilizada pela Prefeitura.

Por fim, a operacionalização do ILS é também uma vitória de articulação entre poder público, iniciativa privada e sociedade civil — uma lição para profissionais e alunos sobre como infraestrutura aeroportuária depende tanto de conhecimento técnico quanto de gestão e advocacy.