- O que aconteceu: 737 MAX da Ryanair encontrou turbulência súbita em cruzeiro sobre o norte da França; houve feridos; emergência declarada e retorno seguro a Birmingham.
- Por que importa: eventos de turbulência sem aviso reforçam uso do cinto, gestão do serviço de cabine e atenção a possível esteira de tráfego à frente.
- O que muda na prática: disciplina de cinto sempre afivelado, pausas imediatas no serviço ao menor sinal de instabilidade e coordenação com ATC para mitigação de risco.
Por Redação EPA
Um Boeing 737 MAX da Ryanair que voava de Birmingham para Tenerife encontrou turbulência súbita em cruzeiro, deixou feridos a bordo e retornou ao aeroporto de origem.
O episódio entrou no radar das notícias da aviação por ter ocorrido sem previsão de turbulência na rota naquele momento, conforme relatos iniciais.
Segundo os relatos, o voo FR-1121 decolou por volta das 15h de domingo (28). Já no nível de cruzeiro, sobre o norte da França, próximo à costa da Bretanha, a aeronave sofreu um forte solavanco seguido de inclinação para a direita enquanto o serviço de cabine ocorria.
Passageiros e comissários foram arremessados contra interiores e carrinhos, resultando em ferimentos. Os pilotos declararam emergência, desceram para 10 mil pés e retornaram a Birmingham, onde o pouso ocorreu em segurança. Um número reduzido de passageiros recebeu atendimento médico após o desembarque.
Em nota, a Ryanair informou o retorno por turbulência e a disponibilização de aeronave e tripulação substitutas, permitindo a continuação para Tenerife por volta das 21h. Um depoimento publicado no site Aviation Herald menciona que o comandante teria atribuído o evento a possível turbulência de esteira de outra aeronave cerca de 11 km à frente — informação ainda não confirmada oficialmente.
O que isso muda na prática (piloto, mecânico e aluno)
- Cinto sempre: reforçar a política de manter o cinto afivelado durante todo o voo, mesmo com o aviso desligado, e comunicar isso com clareza no briefing.
- Serviço de cabine: interromper imediatamente ao primeiro sinal de instabilidade; travar carrinhos e guardar itens soltos para evitar lesões.
- Mitigação de esteira: monitorar tráfego à frente, solicitar mudança de nível/velocidade quando aplicável e coordenar com o ATC; evitar qualquer offset sem autorização.
- Pós-ocorrência: registrar no diário de bordo e seguir o checklist da empresa para inspeções e relatórios internos quando houver turbulência significativa.
- Treinamento: priorizar UPRT (Upset Prevention and Recovery Training) e cenários de startle/surpresa em simulador.
Análise Técnica EPA: segurança operacional e instrução
Turbulência em cruzeiro pode ocorrer por ar claro (CAT) ou por esteira de outra aeronave. Em ar estável, a esteira pode persistir e atingir tráfegos que seguem a mesma rota/nível.
Para a cabine, a lição é disciplinar o uso do cinto e a gestão do serviço: carrinhos devem estar sempre travados e o serviço pausado ao menor indício de instabilidade.
No cockpit, a antecipação é chave: consciência situacional do tráfego à frente, coordenação com o controle e, quando permitido, ajustes de nível/velocidade para afastar-se de vórtices residuais. Em espaço aéreo controlado, alterações de rota/nível exigem autorização do ATC.
Regulação: o RBAC 121 (operações regulares) e o RBAC 91 (regras gerais) determinam procedimentos, responsabilidades e reporte de ocorrências; em operações internacionais, aplicam-se também normas da ICAO e da autoridade local.
Fatores humanos: o efeito surpresa (startle) pede treino específico. UPRT reforça prevenção e recuperação, preservando envelope e integridade da cabine.
O que sabemos e o que ainda falta confirmar
- Confirmado: retorno do voo FR-1121 a Birmingham após turbulência em cruzeiro; pouso seguro e atendimento médico a alguns passageiros.
- Confirmado: evento ocorreu pouco depois do nível de cruzeiro, sobre o norte da França, com relatos de solavanco e inclinação para a direita.
- Em apuração: causa exata (CAT ou esteira), número preciso de feridos e eventuais conclusões de autoridades aeronáuticas.
Mini-glossário (1 minuto)
- Turbulência de esteira: vórtices deixados por aeronaves, capazes de causar solavancos e inclinações em tráfego subsequente.
- Nível de voo (FL): altitude padronizada referida à pressão padrão (ex.: FL370 ≈ 37 mil pés).
- UPRT: treinamento de prevenção e recuperação de atitudes anormais, focado em técnica e fatores humanos.
Fontes consultadas
- Aviation Herald — depoimento citado (consulta em 31/12/2025)
- Ryanair — página de notícias (consulta em 31/12/2025)
- Flightradar24 — dados públicos do voo FR1121 (consulta em 31/12/2025)
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