FAA analisa novo sistema de alertas do 737 MAX; retrofit em 3 anos

  • O que aconteceu: A FAA está analisando duas mudanças de segurança para o Boeing 737 MAX 10: um sistema sintético aprimorado de ângulo de ataque (AoA) e um meio de desativar avisos de estol e de excesso de velocidade.
  • Por que importa: As alterações respondem às lições dos acidentes de 2018 e 2019 envolvendo o MCAS, visando melhorar a clareza de dados e a gestão de alertas na cabine.
  • O que muda na prática: Operadores do MAX 7/10 devem planejar retrofit em até 3 anos após a certificação do MAX 10; MAX 8/9 não são obrigados, mas podem adotar opcionalmente.

Por Redação EPA

A certificação do Boeing 737 MAX 10 segue em andamento, e a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) já avalia duas modificações de segurança que estreiam nos novos modelos da família MAX, conforme reportado pela Reuters.

As mudanças incluem um sistema sintético aperfeiçoado para indicar o ângulo de ataque (AoA) e um meio de desativar avisos de estol e de excesso de velocidade. O objetivo é dar maior autonomia e clareza aos pilotos, reforçando a segurança após os dois acidentes com o 737 MAX 8 em 2018 e 2019, quando o MCAS reagiu a dados interpretados de forma incorreta.

Segundo a Reuters, a Boeing poderá iniciar entregas dos MAX 7 e MAX 10 sem essas funções inicialmente, mas deverá realizar retrofit de todas as unidades em até três anos após a certificação do MAX 10. As variantes MAX 8 e MAX 9 não terão obrigatoriedade; a adoção será opcional de fábrica. Uma data oficial para a certificação do MAX 10 não foi divulgada; a expectativa mencionada é de meados do próximo ano, com o MAX 7 em seguida.

O que isso muda na prática (piloto, mecânico e aluno)

  • Pilotos: esperar atualizações de FCOM/QRH e treinamento sobre AoA sintético e gestão/isolamento de avisos de estol e overspeed. Procedimentos de identificação de indicação errônea devem ser reforçados.
  • Mecânicos: preparar cronograma de retrofit, ferramental e testes funcionais pós-instalação. Acompanhar Boletins de Serviço e possíveis Diretrizes de Aeronavegabilidade (AD) correlatas emitidas por FAA/ANAC.
  • Alunos e comissários: foco em fatores humanos (startle effect, priorização de tarefas) e CRM quando múltiplos alertas ocorrem. Entender o papel do AoA e sua integração com sistemas de proteção.

Análise Técnica EPA: segurança operacional e instrução

O AoA sintético tende a combinar múltiplas fontes para estimar ângulo de ataque e reduzir dependência de um único sensor. Em cenários de sensor defeituoso, isso pode mitigar avisos indevidos e comandos automáticos não desejados.

O “meio de desativar avisos” visa isolar alertas julgados espúrios (ex.: stick shaker, overspeed clacker) quando confirmada a falha de indicação. O benefício operacional é reduzir a carga cognitiva e o efeito surpresa, preservando consciência situacional. A lógica de uso e os critérios de isolamento devem estar claramente definidos em SOPs e checklists.

Para operadores sob RBAC 121 (regras brasileiras para transporte aéreo público regular), mudanças de equipamento e procedimentos exigem atualização de programas de instrução, MEL (Minimum Equipment List) e manuais. Para pilotos sob RBAC 61 (licenças e habilitações) e operações RBAC 91 (regras gerais), a instrução deve cobrir gerenciamento de alarmes, identificação de dados inválidos e aplicação de QRH sem hesitação.

No treinamento recorrente, recomendamos cenários com alertas conflitantes, simulação de falha de AoA e tomada de decisão para isolamento/silenciamento de avisos, sempre respeitando prioridades: aviar, navegar, comunicar.

O que sabemos e o que ainda falta confirmar

  • Confirmado: A FAA analisa um AoA sintético aprimorado e um meio de desativar avisos de estol e overspeed para o 737 MAX 10 (Reuters).
  • Confirmado: MAX 7 e MAX 10 podem ser entregues inicialmente sem as funções, com retrofit obrigatório em até 3 anos após a certificação do MAX 10.
  • Confirmado: MAX 8 e MAX 9 não terão obrigatoriedade; adoção é opcional de fábrica.
  • Em apuração: Data precisa da certificação do MAX 10 e o cronograma detalhado para o MAX 7.
  • Em apuração: Detalhes técnicos finais do AoA sintético e os critérios/procedimentos operacionais para desativação de avisos.
  • Em apuração: Exatas mudanças de treinamento e de documentação (AFM/FCOM/QRH) que serão exigidas por autoridades.

Mini-glossário (1 minuto)

  • MCAS: Sistema de Aumento das Características de Manobra que ajusta o estabilizador para manter características de arfagem em certos regimes.
  • Ângulo de ataque (AoA): Ângulo entre o vento relativo e a corda da asa; parâmetro-chave para margem de estol.
  • Stick shaker: Dispositivo de alerta de estol que vibra a coluna de comando para avisar proximidade do estol.

Fontes consultadas


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